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Arquitetos: Murmuro
- Área: 1850 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Pedro Nuno Pacheco
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Fabricantes: Cerâmica Vale da Gândara
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Colégio dos Plátanos caracteriza-se por uma contínua estratificação dos seus vários momentos de expansão. Tendo sido construído sobre a premissa de uma continua aquisição de diferentes parcelas vizinhas do quarteirão onde se insere; todas elas com construções muito diversas. A nossa intervenção surge quando são adquiridos vários edifícios a Este do colégio existente para uma nova fase de expansão. A intenção era a de desenvolver um novo edifício com doze salas de aulas e espaços de apoio. O projeto desenvolve-se seguindo dois vectores principais. Um primeiro que implicava o faseamento da obra em dois momentos, requerendo assim um investimento mais comedido por parte do dono de obra, já que em 2010 estávamos em plena crise económica portuguesa.
Um segundo vector, diretamente relacionado com o anterior, implicava o faseamento da própria demolição do património existente o que significava o desenvolvimento da obra da primeira fase sem a interrupção do normal funcionamento do colégio, a manutenção do maior número de salas de aulas possível e o estudo de uma solução estrutural intermédia. O novo edifício é assim simultaneamente uma ponte de ligação e um ponto de articulação, já que para além de ligar as construções existentes (a nascente e poente com cotas de pavimento distintas) através de percursos interiores contínuos, articula as diferentes cotas exteriores do pátio infantil a Sul, da zona desportiva a Norte e da zona exterior coberta a Este. Para além destas exigências funcionais, o dono de obra impunha variados requisitos técnicos, nomeadamente, a recusa a sistemas mecânicos de ventilação e climatização.
Assim se desenha a fachada norte perfurada em tijolo que simultaneamente ventila naturalmente o edifício, cria um filtro de luz como protege os vãos do intenso uso desportivo no exterior. Na fachada sul há sobretudo uma preocupação com a proteção da luz solar direta. Por esse motivo desenharam-se palas de sombreamento nos pisos superiores e um balanço do edifício no rés-do-chão (sobre as salas do Jardim de Infância. A fachada norte define, deste modo, um filtro não apenas de luz mas também de privacidade ao permitir ocultar os vãos e as variadas grelhas necessárias para operar o sistema de ventilação natural exigido. A fachada de tijolo uniformiza uma fachada com um carácter infraestrutural pesado, confere uma certa abstratização e mutabilidade a este plano à medida que a luz artificial vai revelando uma segunda fachada canónica por trás deste plano de tijolo contínuo e aparentemente cego.
A preocupação com a materialidade das várias soluções é também prevista no interior do edifício onde, por exemplo, as salas do Jardim de Infância são preenchidas com painéis em fibra de madeira e cor (amarela) e as paredes parcialmente cobertas com materiais absorventes que permitem simultaneamente um condicionamento acústico e fixação dos trabalhos das crianças - uma tentativa de potenciar a apropriação destas salas, onde as crianças constroem o seu próprio espaço de estudo. As outras salas de aulas possuem lambrins em painéis de fibras de madeira com cor (cinzenta) e materiais absorventes. Os restantes espaços são, para além das áreas sanitárias, salas de professores, de trabalho e reuniões, programa que se encontrava em défice na escola. Os corredores e hall de entrada são revestidos a painéis de fibra de madeira com cor (amarela), dissimulando armários, vãos de acesso aos vários compartimentos e bancos, contíguos ao vão das salas de aula.
Originalmente publicado em 06 de dezembro de 2017.